Impertinências



Algumas preciosidades morrem baixinho, em dégrade

. Como morrem as tardes. Como morrem as flores. Como morrem as ondas. Quando a gente percebe, já é noite e o céu, se está disposto a falar, diz estrelas. Quando a gente percebe, as pétalas já descansam o seu sorriso no colo do chão. Quando a gente percebe, o canto da onda já enterneceu a areia. Muitas dádivas que nos encontram, que nos encantam, têm seu tempo de viço, sua hora de recado, e seu momento de transformação em outro jeito de lindeza.


A noite também é bela do jeito dela. As pétalas caídas viram húmus para fertilizar o solo que dirá a vez de outras flores sorrirem. A areia molhada conta a canção da onda e da sua acolhida terna para a nossa vida descalça. Lutar contra a impermanência das coisas é feito tentar prender o azul macio das tardes, segurar o viço risonho das flores, amordaçar as ondas. É inútil.
Ana Jacomo


4 comentários:

  1. As ondas nunca podem ser amordaçadas... Lindo..beijos,chica

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  2. Arlete,
    Lindo seu post,
    Um beijo e uma semana de muita paz!

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  3. Me ha encantado tu entrada.
    Feliz semana.
    besitos ascension

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  4. Texto muito lindo que escolheu!Não podemos querer segurar o presente eternamente nas mãos,é verdade!A vida precisa seguir seu fluxo.bjs e boa semana,Arlete!

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